Folha da Manhã – Indagado sobre a pesquisa do IBPS, feita em julho (aqui), que definiu a vereadora Fátima Pacheco como pré-candidata governista, o ex-prefeito e também pré-candidato Octávio Carneiro citou dados de outra, que teria sido feita em setembro. O fato é que você apareceu em terceiro lugar em ambas, na corrida à Prefeitura de Quissamã. Como fazer para descontar essa aparente desvantagem numa eleição de turno único?
Juninho Selem – Acho que essa pergunta deve ser feita eles, como eles devem fazer para evitar o meu crescimento. Mesmo que esses números sejam reais, não considero isso desvantagem. Fátima é declarada, há muito tempo, a candidata da situação; Arnaldo foi usado pelo prefeito para desviar o foco. E Octávio Carneiro já foi prefeito. Se eu apareço em terceiro lugar na pesquisa deles, eles é que têm que trabalhar para evitar meu crescimento, o que tem sido motivo de preocupação visível para o prefeito.
Folha – Fez ou teve acesso a outras pesquisas às eleições em Quissamã?
Juninho – Sim. O meu partido, o PR, fez várias pesquisas e está terminando uma agora que vamos divulgar ainda neste final de ano. Todas as pesquisas feitas mostraram o nosso crescimento, quando até mesmo ainda nem tínhamos declarado uma pré-candidatura. Com certeza a próxima pesquisa já vai mostrar que o quissamaense quer mudança.
Folha – Considerado seu principal apoio, o deputado federal Garotinho é conhecido por trabalhar sempre com base em pesquisas. Caso sua condição de terceiro colocado nas intenções de voto não se reverta até as convenções, não teme que ele passe a considerar uma outra opção, além da sua candidatura?
Juninho – Como você disse, o deputado federal Garotinho trabalha com pesquisas e é exatamente baseado nisso que ele está nos apresentando como candidato. Ele acompanhou a evolução do meu nome, desde quando eu aparecia em terceiro lugar e nem mesmo me apresentava como pretenso candidato. Agora, com os resultados recentes, cada vez mais se consolida a nossa aliança.
Folha – Em entrevita à Folha, quando indagado se o alinhamento recente entre os deputados Dr. Aloí-zio e Garotinho poderia levar o PV (partido do primeiro) para o colo do PR em Quissamã, Octávio apostou na possibilidade oposta, abrindo a porta para que o partido passe a apoiá-lo. É uma possibilidade?
Juninho – Não sei de onde surgiu essa informação. O ex-prefeito Octávio Carneiro é um político experiente e em momento algum fez qualquer deselegância nesse sentido. Mas de qualquer maneira, se fez esse convite, o PR retribui a gentileza e também abre suas portas para receber seu apoio, que aliás será muito bem vindo.
Folha – Outro fato lembrado por Octávio na entrevista à Folha é que, na última eleição municipal, a oposição junta superou a situação pela primeira vez na história de Quissamã. Isso não é uma tendência clara demais para ser ignorada em 2012, caso a oposição caminhe novamente separada?
Juninho – Não existe oposição separada. Na política só existem duas posições: situação e oposição. Em Quissamã, só existe uma oposição que é a nossa; uma oposição que denuncia os desmandos, o desrespeito, o descaso com o povo, o mau uso dos recursos, feito por este desgover-no que aí está e que tem o aval da candidata do prefeito, que compac-tua com tudo isso. Somos nós que denunciamos e somos nós que fazemos oposição.
Folha – Embora negue publicamente, não é segredo para ninguém em Quissamã que o também ex-prefeito e atual secretário de Educação, Arnaldo Matoso, ficou contrariado por ter sido preterido como candidato oficial. Octávio revelou à Folha que pessoas do seu grupo buscariam contato com Matoso. E você?
Juninho – Como disse antes, lamentavelmente, Arnaldo Matoso, se deixou servir de holofote apagado pelo prefeito e sua candidata, para desviar a atenção da nossa oposição. Não sei a quem Armando queria enganar, pois já sabíamos da sua preferência. A nossa tendência é continuar na linha de buscar apoios das pessoas de bem e que se comprometam a romperem com tudo isso que aí está. Com essa política desqua-lificada que a atual gestão implantou no município. Se essas pessoas se alinharem com nossa política de recuperação do orgulho de ser um quissamaense, com certeza serão muito bem vindas. Sempre há lugar para pessoas de bem.
Folha – O principal ponto alegado pelo prefeito Armando, na opção por Fátima, foi a rejeição menor desta em relação a Matoso. Octávio revelou que na tal pesquisa de setembro, você ficaria com a segunda rejeição, com 27,9%. Tem números mais atuais e/ou diferentes?
Juninho – Desconheço os números dele, mesmo porque qual seria o motivo da minha rejeição? Fátima ter menos rejeição que Arnaldo é mais do que lógico, ela sempre foi vereadora e ele já foi prefeito. Da mesma forma, Octávio já foi prefeito e este fato pode levá-lo a ter uma rejeição mais contundente. As próximas pesquisas, em que agora eu apareço efetivamente como pré-candidato pelo PR, vão poder mostrar melhor os índices de rejeição e de aprovação da população. Com certeza, depois da definição da candidata do prefeito, a rejeição de Armando tem nova hospedeira.
Folha – Para quem está atrás nas intenções de voto, esse índice de rejeição não se torna ainda mais importante, pela função de fixar o teto de crescimento da pré-candidatura?
Juninho – Com certeza. Não tenho dúvidas de que a pré-candidata do prefeito deve se preocupar, sim, com esses índices de rejeição, pois pode perder a vaga.
Folha – Ainda na questão da rejeição, com os altos índices que Garotinho tem não só em Campos, como também em municípios vizinhos como São João da Barra e Macaé, onde o alinhamento entre o presidente do PR e Dr. Aluízio passou a ser encarado pelos partidários deste como um novo obstáculo na disputa à sucessão de Riverton. A rejeição de Garotinho é menor em Quissamã? Ter ele ao seu lado na campanha, fator evitado até por Rosinha em 2008, ajuda ou atrapalha?
Juninho – Fico me perguntando: se com esse alto índice de rejeição que vocês propagam, Garotinho obteve 700 mil votos para deputado federal no estado, em cada um dos municípios que você falou aí, ele foi muito bem votado, imaginem se ele não tivesse rejeição? Se Dr. Aluízio contar com o apoio de Garotinho em Macaé, com certeza sua vitória está a um passo de ser consolidada e nunca soube que partidários do Dr. Aluízio fossem contrários ao apoio de Garotinho. Ter o apoio de Garotinho em Quissamã é uma honra e a certeza de ter o apoio da população. Confesso que jamais gostaria de estar do lado contrário a ele; e nem os adversários.
Folha – A rejeição a Garotinho, em relação aos candidatos por ele apoiados, parece se dar no temor pela influência que ele exerceria num governo que ajudasse a eleger. Qual seriam os limites impostos à influência do deputado numa eventual administração sua? Neste caso, por que não ocorreria em Quissamã o racha que houve, por exemplo, em São João da Barra?
Juninho – Não ocorreria porque eu não traio. A influência de um político como Garotinho em qualquer administração deve ser comemorada por qualquer governante. Veja o sucesso da administração de Rosinha em Campos, exemplo para todo país. Garotinho é o seu grande conselheiro. Quem traiu quem em São João da Barra e aqui também em Quissamã?
Folha – Em entrevista à Folha, Fátima demonstrou aqui, na análise à postulação de Octávio um respeito que deixou de lado para falar da sua pré-candidatura. Isso se dá por conta dos embates na Câmara, visto que você e Fátima são vereadores de lados opostos?
Juninho – Não. Isso é natural porque eu represento a oposição a tudo que ela apóia de errado que este desgo-verno está impondo ao nosso município. Nosso grupo representa a verdadeira mudança, a esperança de Quissamã ter um novo planejamento na utilização dos recursos, oferecendo melhor qualidade de vida pa-ra todos. Fátima representa um des-governo que até hoje não oferece nem água suficiente para sua população; um desgoverno que até hoje não oferece um transporte digno para os moradores dos distritos mais distantes, como Barra do Furado; um desgoverno que, enquanto o povo agoniza nos descasos, o governante e seus familiares fazem viagens internacionais de turismo. Isso é o que ela representa e apóia.
Folha – Por outro lado, a polarização entre você e Fátima não pode deixar as coisas ainda mais fáceis para Octávio, que já aparece à frente nas pesquisas?
Juninho – Em quais pesquisas? Na dele, na de Fátima ou em outra? Nada disso. Eu tenho uma convicção comigo: eu não compactuo com nada disso que aí está e estou disposto a pagar qualquer preço para mudar, porque sei que essa é a vontade do povo de Quissamã, que já se esgotou e quer mudança. A população me deu quatro mandatos de vereador, sendo que em três deles eu fui o mais votado, porque confiou a mim lutar por eles e agora surge o desafio da Prefeitura. O povo sabe que pode contar comigo.
Folha – Ainda em relação aos seus embates com Fátima na Câmara, não acha que sua posição e a de seu grupo saiu desgastada com a decisão judicial que possibilitou ao governo o controle da mesa diretora? Falando sobre isso, a vereadora disse ser contra a política dos que apostam no “quanto pior, melhor”. Em que ela está errada?
Juninho – Me desculpa, mas há uma correção a ser feita: a Justiça já devolveu o cargo ao verdadeiro presidente, Nilton Fu-ringa desde o dia 16, quando foi publi-cada a decisão no Diário Oficial. Nosso grupo está indo às sessões e obedecendo a Justiça, mas os colegas governistas, não. Que o desgaste foi geral não há dúvidas, porém, com certeza foi bem menor para nós, já que o “controle total” do governo é ilusório, haja vista a enorme rejeição da população para com o prefeito, coisa visível em todos os lugares do município. Quanto ao posicionamento dela, ela não me parece estar errada em nada, mesmo porque está se referindo ao pensamento do seu próprio grupo político. Já, o nosso grupo, não aposta nessa visão e nem nosso comportamento condiz com essa referência.
Folha – O Complexo Logístico de Barra do Furado está programado para entrar em funcionamento na próxima administração. Caso se eleja prefeito, como otimizar seus benefícios econômicos e atenuar seus impactos sociais.
Juninho – Como prefeito, em primeiro lugar vou cumprir o que combinar, ou seja, ao assumir um pacto de parceria entre dois municípios, vou reservar os recursos e pagar a parte que couber ao nosso município. Não é decente dar calote, muito menos descumprir acordos sobre os ônus e bônus de qualquer investimento dessa envergadura. Um prefeito tem que ter a humildade de recorrer a organismos técnicos que garantam o desenvolvimento para o bem comum da sua população, minimizando os impactos ambientais e sociais. A primeira coisa que um gestor público deve fazer é primeiro planejar para depois executar.
Fote: Jornal Folha Da Manhã
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